sábado, 30 de julho de 2011

O império do sol

No mês em que comemoramos 100 anos da descoberta de Macchu Pichu, saiba mais sobre o povo inca, que construiu essa cidade incrível.

Por: Ronaldo Vainfas, Departamento de História, Universidade Federal Fluminense


 

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Quem nunca ouviu falar de Macchu Picchu, a cidade sagrada dos incas? É um passeio obrigatório para quem viaja ao Peru. O lugar é belíssimo, lá nas montanhas dos Andes. Pega-se o trem em Cuzco, e aí é um sobe-e-desce permanente: vales e montanhas se alternam no caminho e dá para ver muito bem, em alguns trechos do percurso, vestígios da antiga civilização que existiu nos Andes antes da chegada dos espanhóis.
Chegando a Macchu Picchu, é aquele deslumbramento... É verdade que da antiga cidade sagrada restam apenas ruínas. Mas que ruínas! Dá para se imaginar o esplendor do antigo Império do Sol! Os santuários, as casas do povo, as moradas dos guerreiros e sacerdotes, as escadarias onde se plantavam batatas...
Macchu Picchu permaneceu séculos escondida no meio das montanhas andinas, até que, em 1911, um arqueólogo norte-americano a descobriu. Ninguém morava mais lá, estava completamente abandonada, como se fosse uma cidade fantasma. A essa altura, você deve estar se perguntando: quem a teria construído com tanta grandeza nas montanhas andinas? E o que teria acontecido para que fosse abandonada por todos?

Os construtores das cidades

Construir uma cidade era uma especialidade dos incas. E não só cidades. Eles construíram estradas, caminhos, armazéns, fortalezas, templos, santuários, sem falar nas plataformas agrícolas. Criaram um grande império, cujo o território era maior do que o Peru atual. No início do século 16, o território dos incas cobria boa parte de vários países atuais da América do Sul: o Peru, a Bolívia, o Equador, o noroeste da Argentina, um pedacinho da Colômbia e ainda uma parte do Chile.
Mas vamos voltar um pouquinho no tempo para entender como esse grande império surgiu. Há cerca de 700 anos, quando se fixaram no vale de Cuzco, os incas eram um povo bem modesto. Quase nômades, viviam de um lado para o outro, ficando algum tempo no lugar que oferecia mais chances de sobrevivência. Ninguém sabe direito de onde vieram. Como não conheciam a escrita, não deixaram nenhum documento que explicasse isso. Uns dizem que migraram da Bolívia, e outros que vieram do espaço, o que não se pode realmente levar a sério.
Pouco a pouco, foram se acostumando a viver no vale de Cuzco. Aprenderam agricultura, construíram a cidadezinha e aí começaram os problemas. A disputa de territórios e do poder na região levou-os a entrar em guerra com os povos vizinhos.
Isso tudo aconteceu lá pelo ano de 1400 e tal. O chefe dos incas, na época, se chamava Pachacutec. E foi com ele que os incas iniciaram as suas conquistas, primeiro dominando os vizinhos da serra, depois tomando o litoral.

Organização do império

Para que tudo funcionasse bem, era preciso uma organização perfeita. Em primeiro lugar, organizar a contabilidade: contar as pessoas de cada comunidade, saber quantos trabalhadores podiam ser requisitados sem prejudicar a aldeia, contar os impostos, os sacos de batata, as lhamas, os grãos de milho. Os incas inventaram um modo curioso de contar usando uns cordões com nozinhos coloridos. O número dependia do tipo de nó e da cor. Poucos sabiam manejá-los, sendo alguns incas especialmente treinados para esse fim.
Como controlavam um vasto território, os incas tinham de desenvolver também bons esquemas de comunicação. Daí construírem pontes e estradas. E nas estradas colocavam postos de vigia (tambos), que também funcionavam como armazéns. Em cada tambo, havia um chasqui, funcionário muito importante do império. Era uma espécie de “correio” dos incas. Os chasquis viviam correndo de um lado para o outro, levando as notícias mais importantes ao conhecimento das autoridades imperiais. Eram verdadeiros atletas, capazes de fazer uma notícia da costa chegar a Cuzco em apenas dois dias!
Tudo isso acabou de repente. O império inca, que contava com milhões de pessoas e vários milhares de soldados, deixou-se vencer por pouco mais de 200 espanhóis. Grande mistério.


Fonte: Ciência Hoje das Crianças - Portal CHC Online

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