sexta-feira, 8 de julho de 2011

Duelo e Titãs e viva a diversidade de pensamento.

Neurocientista e filósofo levantam o público da Flip (Feira de Literatura de Paraty)


O neurocientista Miguel Nicolelis durante debate na Flip (7/7/2011)


 
Um duelo cordial entre otimismo e ceticismo. Esse poderia ser o resumo da mesa que reuniu, na segunda noite da Flip, o neurocientista Miguel Nicolelis e o filósofo Luiz Felipe Pondé, com mediação da jornalista Laura Greenhalgh. A conversa girou em torno do tema “O humano além do humano”.

A própria linguagem corporal já denunciava de que lado estavam os “contendores”. Nicolelis levantou-se e dirigiu-se à plateia irradiando segurança e entusiasmo; Pondé preferiu ficar sentado, numa postura relaxada, algo blasé. O contraste não poderia ser maior.

O neurocientista, que acaba de lançar “Muito Além do Nosso Eu” pela Companhia das Letras, deu o seu recado acompanhado de imagens no telão. Mostrou experiências impressionantes de interface entre cérebro e máquina, como no caso da macaca que movimenta um robô do outro lado do mundo apenas com a força do pensamento.

Muito aplaudido, falou do projeto de um “exoesqueleto” que permitirá a pessoas com severas limitações motoras andar com o comando do cérebro. A meta é que uma criança tetraplégica dê o pontapé inicial na Copa de 2014 usando esse aparelho.

Pondé, por sua vez, lançou mão de um arsenal de frases de impacto (e senso de humor) para provar que a ciência é próxima da religião e que o ser humano é um projeto falido. Citando Chesterton, disse: “O problema de ser ateu é adquirir novas crenças”. E continuou: “Somos todos eugenistas de uma maneira ou de outra”; “a gente mata porque gosta”; “a vida é um escândalo, e no final dá sempre errado”; “o que humaniza o homem é o fracasso”.

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