segunda-feira, 28 de março de 2011

Astecas, Maias e Incas

Trabalho, religião e poder
Conheça mais sobre a cultura e a história de incas, maias e astecas
Trabalho, religião e poder
(Ilustração: Walter). 
                Quando os incas e astecas dominaram vários grupos com suas vitórias nas guerras, eles não os submetiam diretamente à escravização ou exploração. Procuravam garantir o bom funcionamento de seus impérios tornando as relações mais serenas, deixando claro quem mandava, mas fazendo acordos que estabeleciam direitos e deveres mútuos.
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            Assim, os vencidos que passavam a fazer parte dos impérios inca ou asteca deviam obediência, pagamento de tributos e respeito aos seus reis e deuses. Em compensação, as terras e comunidades dos povos dominados poderiam continuar com seus próprios chefes e deuses, desde que esses se tornassem subordinados às divindades e chefias dos impérios dominantes. Ao aceitar o acordo, os povos vencidos tinham direito à proteção do império, ou seja, os dominantes deviam zelar por seu bem estar econômico e espiritual e fornecer-lhes o auxílio necessário em tempos de dificuldades ou em ocasiões de festividades religiosas ou de amplos trabalhos coletivos.
            Está claro que se tratava de um sistema de dominação amenizado, de certa forma, por essa troca de direitos e deveres entre as comunidades indígenas dominadas e os grandes estados. Mas o que acontecia quando os povos vencidos não aceitavam fazer acordo? Nesse caso, o império agia com a força: podia tomar as terras desses grupos e torná-los uma espécie de servos ou escravos para trabalhar nas terras das autoridades políticas, religiosas e guerreiras, que constituíam a nobreza entre os incas e os astecas.
            Para os chefes dos impérios maia e asteca, o poder era atribuído a eles pelos deuses e, por isso, suas funções se revestiam de um caráter sagrado, o que aumentava o prestígio junto aos seus subordinados. Já entre os incas, depois de determinada época, o imperador se identificava diretamente com o principal deus de seu povo: o Sol. Isto é, era como se o imperador fosse o próprio deus Sol.
            Os três povos eram politeístas e, dentre seus vários deuses, o Sol tinha um lugar muito especial: era ligado às origens de seus mundos e responsável, portanto, por sua continuidade e sobrevivência. Os grandes templos, nos quais se realizavam as cerimônias religiosas e os sacrifícios, demonstram a importância da religião para esses grupos, que através dela davam sentido às suas vidas sociais e familiares. Eles acreditavam numa sucessão de mundos ou eras que terminavam sempre por catástrofes causadas por grandes incêndios, inundações ou guerras. Sacrifícios religiosos eram feitos para agradar aos deuses, evitar calamidades e garantir a prosperidade, o equilíbrio e a sobrevivência de todos. Os astecas e os maias ofereciam aos deuses seus prisioneiros de guerra e os incas, de acordo com os pesquisadores, sacrificavam apenas animais.
            Incas, maias e astecas foram apenas três dos muitos povos indígenas que habitaram a América. A arte, o esplendor e a sabedoria de suas sociedades deslumbraram os europeus no século 16, porém não os impediu de destruir esses povos na ânsia de apoderar-se de suas riquezas. Apesar do altíssimo número de mortos e dos prejuízos incalculáveis causados às populações indígenas, sua resistência foi também surpreendente, tanto que até hoje assistimos no México, no Peru e na Guatemala os descendentes desses povos afirmando suas origens, orgulhando-se delas e lutando para obter os direitos que lhes cabem.
 

Maria Regina Celestino de Almeida
Departamento de História
Universidade Federal Fluminense

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