sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Integração?

Classe Média

Sabe-se que as novas dinamicas sociais originadas a partir das transformações estruturais promovidas pela globalização alteraram siginificativamente a papel dos segmentos sociais nas lutas cotidianas pelos direitos dos cidadãos. Com isso, a classe média que, outrora, fora o baluarte da luta pela democracia e pela liberdade, transforma-se, de modo sintético, naquilo que o cantor e compositor Max Gonzaga apresenta na canção a seguir:


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Globalização Ilustrada

Breve vídeo retirado do youtube que apresenta a Globalização em 1 minuto.

Imagens da Globalização










Conectividade, integração, acesso e interação. Palavras que se tornaram substantivos corriqueiros no contexto da análise geográfica do fenômeno da globalização. Estas imagens, captadas na internet, refletem um pouco dos aspectos positivos deste processo.
Boa Reflexão

Importante: Imagens retiradas da internet, não sendo de autoria do moderador deste blog.

Parabólicamará - Gilberto Gil

Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena
Parabolicamará

Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará

Antes longe era distante
Perto só quando dava
Quando muito ali defronte
E o horizonte acabava
Hoje lá trás dos montes
dendê em casa camará

Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará

De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação

Pela onda luminosa
Leva o tempo de um raio
Tempo que levava Rosa
Pra aprumar o balaio
Quando sentia
Que o balaio ía escorregar

Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará

Esse tempo nunca passa
Não é de ontem nem de hoje
Mora no som da cabaça
Nem tá preso nem foge
No instante que tange o berimbau
Meu camará

Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará

De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação

De avião o tempo de uma saudade

Esse tempo não tem rédea
Vem nas asas do vento
O momento da tragédia
Chico Ferreira e Bento
Só souberam na hora do destino
Apresentar

Ê volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará

Mais um bom texto para auxiliar nas discussões acerca da Globalização.

OS PERIGOS DA GLOBALIZAÇÃO

Muito se tem falado sobre o Pós-Modernismo e Globalização porém pouco se tem definido sobre tais conceitos: Afinal o que é Pós-Modernidade? O que é globalização?
A pós-modernidade nada mais é do que um período de transição indefinível, com mudanças de paradigmas e conceitos abstratos e subjetivos, onde ninguém consegue ao certo conceituá-la. Como todo “PÓS”, somente o futuro dará um nome a esta tremenda confusão e indefinição para o momento que vivemos. Os contemporâneos não são os melhores observadores do momento histórico, pois o envolvimento emocional do momento vem permeado de aspectos ideológicos indissociáveis de um observador isento de quaisquer influências.
A Globalização sempre existiu, basta lembrarmos de Hollywood, e para entender que este fenômeno (ou praga). A globalização é um produto Made in USA, que tomou força graças ao advento da Internet (pela Microsoft).
Vejamos alguns perigos da globalização na construção da nova sociedade do século XXI:
I - O perigo da construção de uma sociedade Hedonista. O prazer pelo prazer. Sexo, drogas e Música (Antigamente era Rock, agora é Funk) são objetivos prioritários para nossa juventude. Fico assustado quando ouço nos meios de comunicação de massas músicas com apologias ao crime organizado, drogas e a prática de sexo livre em grupo. Tais músicas fazem sucesso porque encontram guarita em um mundo globalizado, onde o ser humano tem procurado satisfazer suas necessidades básicas através de suas realizações de prazer. Creio que até Freud ficaria assustado com tanto libido social.
II - O perigo da construção de uma sociedade niilista. A Ausência total de referencial. Deleuze, filósofo francês, apontou uma crítica que Nietzsche fez à filosofia de Schopenhauer. Para Schopenhauer existe um nada de vontade, enquanto para Nietzsche existe a vontade do Nada. Hoje estamos vivemos mais um negativismo schopenhauerano do que o niilismo proposto por Nietzsche, que apropriou-se deste conceito da religião budista. Nossa sociedade caminha para uma ausência total de desejo, pois os velhos paradigmas estão sendo quebrados, porém não estamos construindo outros no lugar. Há uma total ausência de ícones na sociedade pós-moderna.
III - O perigo da construção de uma sociedade alienada. Nas grandes empresas falasse muito sobre a questão da transversalidade, associada à questão da qualidade total (a velha reengenharia , lembra-se?). Este modelo neo-liberal imperialista, seria melhor definível como “Transversalidade Ideológica”. Missão, declaração de propósito, lema da empresa, seja qualquer que for o título que se emprega a esta modalidade, nada mais é do que a tentativa de desviar o homem dos temas centrais, reais e necessários à sua sobrevivência, senão alienar, principalmente os países do terceiro mundo, para os temas centrais que interessam tão somente aos imperialistas.
IV - O perigo da construção de uma sociedade de consumo adicto. O vício do consumismo. O importante é o ter e o consumir e não o ser e existir. O direito do cidadão virou direito do consumidor. Tudo agora está girando pela questão do patrocinador. Recebi recentemente uma mensagem de um amigo sobre a mudança do hino nacional brasileiro, devido à exigências dos patrocinadores para 2002, e assim ficou o hino:

Num posto da Ypiranga, às margens plácidas,
De um Volvo heróico Brahma retumbante
Skol da liberdade em Rider fulgido
Brilhou no Shell da Pátria nesse instante
Se o Knorr dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço Ford
Em teu Seiko, ó liberdade
Desafio nosso peito à Microsoft.

O Parmalat, Mastercard, Sharp, Sharp
Amil um sonho intenso, um rádio Philips
De amor e de Lufthansa a terra desce
Intel formoso céu risonho Olympicus
A imagem do Bradesco resplandece.

Gillet pela própria natureza
És belo Escort impávido colosso
E o teu futuro espelha essa Grendene.
Cerpa gelada !
Entre outras mil é Suvinil, Compaq amada
Do Philco deste Sollo és mãe Doril
Coca Cola, Bombril!!!

V - O perigo da construção de uma sociedade individualista. A relação de competição é tão grande, que fica difícil identificar sociologicamente onde há conflito e competição. Estamos evoluindo para lei da selva. Meu pai falava sobre a lei do MURICI: Cada um cuida de si. Quando era criança não entendia muito o que ele queria dizer com isto, e ainda não sei se entendi plenamente, mas seja o que for estamos vivendo momentos em que as relações humanas não tem valor alguns, a não na base de troca. A pergunta básica é: O que eu vou ganhar com isso? Este individualismo acerbado tem trazido terríveis danos à nossa sociedade. Precisamos resgatar valores como cooperação, amizade, companheirismo, reciprocidade, etc.
VI - O perigo da construção de uma sociedade “tecnológicêntrica”. Desde Descartes passamos a dotar o falso mito da racionalidade humana como veículo de domínio da explicação do mundo. Isto tomou força com o racionalismo Kantiano, onde a razão passa, através do turbilhão, ser o instrumento da visão e entendimento do mundo. O iluminismo permeado desta tão grande razão perpetuou tais conceitos culminando com Augusto Comte através de sua filosofia positivista, quando coloca o estágio tecnológico como sendo o final do processo evolutivo do homem (Mito-Filosia-Ciência). O tecnicismo e o cientificismo em que estamos mergulhados tende a um processo de desumanização da relações humanas. Estamos mais nos relacionando com máquinas do que com seres humanos. A máquina é o fim, o homem o meio. Devemos usar máquina e amar o ser humano, inverter esta ordem causa problemas.
VII - O perigo da construção de uma sociedade amoral. Diante das recentes descobertas científicas, principalmente na área biogenética, o homem precisa mais do que nunca, precisa estabelecer referenciais, condutas e posturas éticas para que não venhamos a proceder contra a própria natureza humana (se é que existe uma natureza humana no homem). A clonagem, a informações do mapeamento genético, os transgênicos, e outras novas descobertas colocam o homem na crucial questão: Qual é o limite do homem? Numa sociedade onde o capitalismo instaurou-se com único modelo econômico, onde o imperialismo oprime os mais fracos, onde o prazer está pelo prazer, onde a pornografia (principalmente a pedofilia) tem crescido assustadoramente e onde o comércio do narcotráfico é o mais rentável, o que devemos esperar desta sociedade?
VIII - O perigo da construção de uma sociedade com perda de identidade cultural. O imperialismo do Primeiro Mundo ocorre principalmente através do processo de globalização. Começa tal domínio se estabelecer através da linguagem, onde aportuguesamos várias expressões importada: Deletar, scanear etc. Não sou xenófobo – aquele que tem aversão ao que é estrangeiro, mas acredito na valorização daquilo que é nosso culturalmente, até como princípio de preservação de nossa identidade cultural. Também não sou tão radical, pois se formos considerar a cultura brasileira com sendo nossa identidade cultural, precisamos resgatar o tupi-guarani nas escolas e reavaliarmos a cultura afro-européia.

Concluo, se é que podemos concluir um assunto desta natureza, com uma pequena comparação: Um certo homem decidiu derrubar sua velha casa onde foi criado desde sua infância, e de um dia para outro demoliu tudo, porém não planejou a sua nova morada, ficando ao relento. Assim estamos vivendo nesta era da Pós-modernidade com terríveis Conseqüências deste mundo globalizado, onde estamos perdendo não somente nossa morada, mas principalmente nossa identidade. O que será do futuro ? Só o futuro dirá.
Texto de Autoria do Prof. Vanderlei de Barros Rosas - Professor de Filosofia e Teologia. Bacharel e Licenciado em Filosofia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Bacharel em teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil; Pós-graduado em Missiologia pelo Centro Evangélico de Missões; Pós-graduado em educação religiosa pelo Instituto Batista de Educação religiosa.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Urge mudarmos essa realidade!

Um cidadão comum poderia bem dizer dos dias de hoje...

Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando uma agulha num palheiro

Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

CAZUZA

Algumas Reflexões Sobre a Violência Urbana

A violência, apesar da sua gênese ocorrer a partir das desigualdades sociais, tem a sua externalidade também nos objetos, nas técnicas de segurança que alguns podem pagar para obter. São paisagens, aquilo que as vistas alcançam (SANTOS, 1997) e que demonstram uma sociedade em estado de medo, de insegurança e no caso de Itabuna-BA isto não é diferente. Grades, muros altos, cercas eletrificadas, são apenas alguns exemplos desta paisagem do medo.

São expressões de uma sociedade marcada por grandes diferenças sociais e pela exacerbação do individualismo, em que o pensamento coletivo na resolução dos problemas se encontra subalterno ás ações individuais do trancar-se cada vez mais, em detrimento da procura por identificar as causas de tal estado de insegurança, quanto à vida e ao patrimônio, e agir nelas.

Para o sociólogo e geógrafo Demétrio Magnoli, a violência se expressa de forma intensa na paisagem e contribui de duas maneiras para a infração dos direitos coletivos por sobre o espaço público: a primeira se dá com a apropriação privada do espaço público: “vias de tráfego e calçadas são interrompidas por cancelas e portões”; a segunda se materializa conforme a proteção da vida e do patrimônio, neste caso público e/ou privado, como que enclausuram o indivíduo.

Entender a expansão da violência nas cidades é também poder compreender o quanto esta sociedade é desigual e excludente, e o quanto esta fecha as portas àqueles que não se enquadram no perfil de consumidor ativo e/ou de mão-de-obra geradora de lucro. A violência, mesmo que não justificada em nenhuma de suas modalidades, na maioria das vezes, vem como resposta dada por um grupo social às mazelas às quais são submetidos.

Com isso percebemos que as classes mais favorecidas economicamente vão montar uma estrutura em torno da proteção da vida e do seu patrimônio, que vão deixar-lhes como que numa ilha isolados no interior das suas habitações, enxergando o mundo externo a esta como lugar do medo e dos riscos, posto que o Estado não garante a segurança de quem por ele transita.

Não pretendemos, com esta reflexão, atribuir culpa a nenhuma das classes sociais pelo estado de insegurança ao qual toda a sociedade está submetida, entretanto, há de se considerar que todos possuem sua parcela de responsabilidade e que aqueles que possuem melhores condições culturais, econômicas, entre outras, acumulam maiores responsabilidades (na luta contra a estrutura de isolamento que vem sendo construída) e, na maioria das vezes, encontram-se omissos.

Este isolamento contribui para a exacerbação do individualismo e para a perda da atenção antes focada na figura do outro. Assim o que outrora fora uma possibilidade (de amizade, de negócios, de auxílio etc.) hoje, na maioria das vezes, se configura como uma ameaça. Ou ainda como, no dizer de Magnoli, “a cidade parece desistir da sua vocação histórica, de lugar de encontro e intercâmbio”.

É sobre o espaço urbano, socialmente construído, mutável e repleto de dinamicidade que as relações de violência vão se estabelecer, se dando, de um lado, sob a forma de atos como: sequestros, assassinatos, assaltos entre outros, e de outro, com a construção de novos “feudos” que enclausuram aqueles que podem pagar por esse modelo de (in)segurança, reafirmando as relações de individualismo e reforçando a ideia de que os indivíduos que não se enquadram no estereótipo de consumidor ativo são mercadorias que podem ser descartadas.

E é neste mesmo espaço (o urbano) que vai se estabelecer a criminalidade, pautada em ações contra a vida e o patrimônio, que vai provocar, a cada dia, um maior isolamento das famílias em suas residências, vivenciando aquilo que Rodrigues aponta como a sociedade dos “incógnitos”.

Restam alguns questionamentos: até que ponto, as ideias anteriormente apresentadas diferem daquilo que nós vivenciamos, cotidianamente, em nossa cidade? Em que medida o poder público tem se manifestado a fim de proporcionar aos contribuintes a devida segurança? De que maneira vocês/nós/toda a sociedade temos nos comprometido com a causa de se lutar por relações menos desiguais, e, por conseguinte, por uma cidade menos violenta? Vale a pena refletir.

Autor - Rafael G. Moreira

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A globalização por imagens

Seria demasiado incoerente apresentar apenas as mazelas advindas do processo de globalização, posto que inovações tecnológicas que auxiliam no aumento da expectativa de vida das pessoas, na melhoria dos serviços de saúde e educação (apenas para ficarmos em exemplos triviais) são de notória importância para a atual configuração da sociedade e do espaço, que ela produz, e, por sobre o qual ela atua.
Porém os avanços que podem ser percebidos, tanto no campo da técnica, quanto no campo da informação podem, numa reflexão mais contextualizada com as questões humanas, ser suprimidas facilmente ao pensarmos em situações como a que é retratada pela imagem ao lado. Reflita e contribua para as discussões/ações em prol de um mundo mais justo.

Globalização ou Globocolonização?

FREI BETTO *

Vivemos em tempos de globalização. Ela traduz este fenômeno atual - graças aos meios de comunicação (rádio, TV, Internet) o mundo "encolheu".
Outrora, o futuro tardava. Da janela de casa, víamos a arquitetura externa modificar-se com a troca da quitanda pelo supermercado; a antiga loja de armarinho ceder lugar à lanchonete; a estrada ganhar asfalto.
Hoje, pela janela eletrônica da TV, o mundo transforma-se a cada segundo aos nossos olhos. A rede de computadores possibilitou a um rapaz de São Paulo namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa. Todos os dias, bilhões de dólares são eletronicamente transferidos de um país a outro no jogo da especulação, derivativo de ricos, passando da Bolsa de Valores de Nova York para a de Londres ou desta para a de Paris. Caem as fronteiras culturais e econômicas, afrouxam-se as políticas e morais.
A geração de nossos pais presenciou a era das invenções (telefone, rádio, automóvel etc.). A nossa geração vive na era das inovações. Agora temos a Internet, a TV de bolso, o telefone celular etc.
Essas inovações tecnológicas rompem as barreiras do tempo e do espaço. Do tempo, na medida em que, numa fita de vídeo, podemos ver "viva" uma pessoa que já morreu. Do espaço, porque o que se passa na China entra pela TV na sala da nossa casa.
Como valor, a globalização é positiva? De um lado, sim. Graças a ela as guerras entre nações ficam mais difíceis. Basta ver o papelão que EUA e Reino Unido fazem no Iraque. Em nome da democracia, assassinam crianças e torturam sem escrúpulos, e tudo é exibido no horário nobre.
A globalização tem suas sombras e luzes. Destrói as culturas próprias de cada povo e nação, corrói os valores étnicos e éticos, privilegia a especulação em detrimento da produção. Por outro lado, torna mais vulnerável o capitalismo. Hoje, uma queda na Bolsa de Nova York tem repercussões em todo o mundo.
Sob a avalanche eletrônica que reduz a felicidade ao consumo, entramos por dois becos sem saídas. O primeiro, o mimetismo - tendência a imitar. "O que é bom para os EUA é bom para o Brasil", dizem alguns. Nossa cultura é reduzida a mero entretenimento de quem se cerca da parafernália exposta nas vitrines dos shopping centers. Percorremos aceleradamente o trajeto que conduz da esbeltez física à ostentação pública de bens, fazendo de conta que nada temos a ver com a dívida social.
No segundo beco entra-se pelo fanatismo religioso e pela intolerância que insiste em ignorar o pluralismo e a democracia, não apenas como igualdade de direitos e oportunidades, mas também como direito de ser diferente.
Mas a globalização tem suas luzes. Pedro Álvares Cabral levou 43 dias para vir de Portugal ao Brasil. Hoje, a viagem é feita de avião em nove horas. No século 19, a encíclica social Rerum Novarum, do papa Leão XIII, levou quatro anos para chegar à América Latina. Hoje, vemos instantaneamente o que acontece do outro lado do mundo.
O "mundo, mundo, vasto mundo..." do poeta transformou-se numa pequena aldeia - a aldeia global, onde a TV torna cada um de nós vizinho dos fatos que merecem ser notícia.
No século XXI, cerca de 6,5 bilhões de habitantes do planeta Terra estão tão próximos uns dos outros que não é fácil alguém poder estar a sós, mesmo que esteja sozinho, a menos que deixe de lado sua parafernália eletrônica: rádio, CD, TV, celular e computador.
Há uma mundialização da economia. As nações-estados, economicamente auto-suficientes, tendem a desaparecer. O presidente do Banco de Boston ou da Honda passa a ter mais importância - e poder - do que o presidente ou o primeiro-ministro de muitos países. Os executivos da esfera econômica acumulam mais poder do que os políticos do parlamento ou do Poder Executivo.
Há também uma globalização da pobreza: os países industrializados do Norte do mundo abrigam menos de 1/4 da população mundial e consomem 70% da energia do mundo, 75% dos metais, 85% da madeira e 60% dos alimentos, segundo informa a ONU. Do outro lado do mundo, mais de 1 bilhão de pessoas sobrevivem com menos de 1 dólar por dia.
Na primeira metade do século XX, o capitalismo tinha interesse em fortalecer o Estado - no qual as grandes empresas "mamavam" recursos financeiros, isenções fiscais e privilégios legais (como ainda acontece no Brasil). Agora, as empresas transnacionais, que controlam a economia do Planeta, insistem em privatizar as empresas estatais. Ou seja, querem enfraquecer o Estado e fortalecer o mercado - menos leis, mais competitividade desenfreada.
Correios, Previdência Social, educação, redes hospitalar e escolar, tudo os neoliberais querem privatizar. Inclusive praias, ruas e aparato policial - basta olhar em volta e conferir o número crescente de ruas fechadas com cancelas e guaritas, e a multiplicação de empresas de segurança privada. Corremos o risco de ver todos os direitos sociais transformados em mercadorias, às quais só têm acesso quem pode pagar por elas.
São positivos os valores da globalização? Nem sempre coincidem os valores que temos com os valores que queremos. A globalização tende a destruir um valor importante: a nossa identidade como nação. Um brasileiro não é igual a um estadunidense ou a um indiano. Cada povo tem suas raízes, sua cultura, seu modo de encarar a vida. Não é verdade que um mineiro adoraria encontrar, ao viajar pelo mundo, um tutu com feijão? O nordestino não morre de saudade de uma carne de sol com feijão-de-corda e manteiga de garrafa?
É possível que, no futuro, o mundo tenha um só governo. Mas, antes, é preciso alcançar a paz, e para tanto não há outro caminho fora da justiça entre os povos.



* Frei dominicano. Escritor.

Encontro com o pensamento de Milton Santos

Este vídeo que vocês poderão assistir é um breve resumo do documentário Encontro com Milton Santos: globalização, o mundo visto do lado de cá.

Pensemos, junto com Milton, nas três possibilidades de ver o mundo que a Globalização nos apresenta:


1 - A globalização como fábula:

Segundo Milton os atores hegemônicos nos fazem acreditar que estamos vivendo num mundo onde todos tem acesso aos bens que são produzidos e constroem a falsa idéia de democratização do acesso á informação e aos bens de consumo.


2- A globalização como perversidade:

Momento onde se materializa o processo de exclusão destinado àqueles que não dispõem dos recursos materiais necessários "dinheiro em estado puro" para a sua inserção no hall da sociedade do consumo.

3 - Uma outra globalização:

Segundo Milton, nunca antes foi possível que os excluídos pudessem encontrar nos mecanismos utilizados para a segregação possibilidades de emancipação. E é esta técnica, atrelada a força da informação, cada vez mais fluida, que possibilita construirmos um mundo onde os "de baixo"possam ter voz e vez.

IBGE CIDADES

O IBGE Cidades é uma excelente ferramenta de trabalho e de pesquisa para aqueles que enxergam na cidade muito mais que um simples lugar de habitação, mas, sim um espaço de múltiplas relações de produção do espaço geográfico.

Utilize-o!

Começar com o pé direito!


Sejam todos bem vindos!


E nada melhor, para começar as nossas reflexões acerca do processo contínuo de produção e (re) produção do espaço geográfico, que realizarmos uma análise sobre parte da obra do Geógrafo Milton Santos. Vejamos a imagem a seguir e iniciemos os debates com a leitura da obra que será disponibilizada numa segunda postagem.