Por: Fernanda Turino, Instituto Ciência Hoje/RJ
Pois é verdade! Os rastros deixados pela mistura de xixi e cocô dos dinossauros, preservados em rochas, são chamados de urólitos (palavra que quer dizer “xixi de pedra”). Mas como são difíceis de serem encontrados! Para você ter uma ideia, não mais do que uma dúzia foram localizados no mundo, sendo apenas um no Brasil. Em 2004, cientistas publicaram um artigo contando que haviam localizado um urólito em Araraquara, no interior de São Paulo, onde há cerca de 135 milhões de anos existia um deserto.
“O urólito pode nos provar a existência de um animal em determinado ambiente do passado”, conta o paleontólogo Luiz Eduardo Anelli, da Universidade de São Paulo, autor do livro O guia completo dos dinossauros do Brasil. “Além disso, pode nos dar pistas do seu tamanho estimado”. Isso porque, quanto mais extensa for a marca deixada pelo líquido formado com a mistura do xixi e do cocô, maior era, provavelmente, o tamanho do bicho que a deixou. Pena que não é possível identificar a espécie de dinossauro só analisando um urólito! Isso só é possível de fazer se os cientistas tiverem encontrado um coprólito: o fóssil de uma massa mais pastosa, parecida com o que chamamos de cocô. Já foi encontrado, por exemplo, um coprólito que era de um antepassado do nosso mascote Rex!
Mas, se é assim, diga lá: como é que os cientistas podem ter certeza de que o urólito encontrado no Brasil, por exemplo, pertence a um dinossauro e não a outro bicho pré-histórico? Só pela aparência, já dá para dizer. Isso porque os vestígios deixados pelo líquido formado pelo xixi e pelo cocô dos dinossauros são muito semelhantes aos deixados pelo xixi e pelo cocô de aves como os avestruzes! Os dinossauros, como as aves, possuíam cloaca: ou seja, faziam xixi e cocô ao mesmo tempo e por um mesmo orifício, ao contrário do que ocorre com os mamíferos. Então, mesmo que na área onde foram encontrados os urólitos aqui no Brasil existam pegadas de mamíferos, os pesquisadores podem afirmar que se trata, na verdade, de vestígios deixados por dinossauros.
Aliás, outra informação interessante que os urólitos encontrados no Brasil trazem para a gente é que a presença deles em um local desértico mostra que lá havia água também. Afinal, sem ela, não há xixi, não é mesmo? “Em um ambiente seco, a tendência do organismo de qualquer animal é a retenção da água”, explica Luiz Eduardo. Incrível como uma simples marca deixada na pedra pode nos dizer tanto sobre os antigos habitantes do nosso planeta, não é mesmo?
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