Não é o caso de imaginar dinossauros circulando entre prédios ou grandes indústrias, aterrorizando os paulistas. Isso aconteceu há 90 milhões de anos, na região que hoje conhecemos como oeste do estado de São Paulo. O cenário, tudo indica, era de uma extensa planície, com clima bastante quente e seco e vegetação rara, mais parecida com as savanas da África.
Um dos locais dessa região primitiva hoje abriga o município de Marília, onde foram encontrados restos fossilizados de crocodilos, lagartos, anfíbios e dinossauros de grande porte, como as partes de um titanossauro. Esta espécie de dinossauro viveu no final do período Cretáceo, há cerca de 65 milhões de anos. Comia somente plantas e media cerca de quinze metros de comprimento, cinco de altura e pesava em torno de dez toneladas.
Uma abertura feita em uma colina da região para passagem de uma estrada atingiu rochas que existiam abaixo da superfície. Foi aí que se revelaram partes desse grande animal pré-histórico! Nestas rochas, chamadas arenitos, estava o esqueleto do titanossauro de Marília, com três vértebras da cauda, alguns ossos do quadril, costelas, um fragmento de dente e vários ossos, recobertos por restos de rocha e camadas de terra, que ainda não sabemos quais são.
As escavações continuam na expectativa de encontrar o maior número de ossos fossilizados, porque isso, futuramente, indicará se o titanossauro de Marília é uma espécie nova ou já conhecida da paleontologia. Para isso, o material será comparado ao de outros indivíduos do mesmo grupo, encontrados no interior paulista, em Minas Gerais e, também, na Argentina.
Essa descoberta é muito importante para a ciência porque talvez possamos explicar, por exemplo, como esses animais desapareceram, quais foram as causas deste evento, que mudanças ambientais ocorreram na superfície do planeta há milhões de anos e os impactos que elas causaram sobre os organismos, além de outras intrigantes questões.
A descoberta do titanossauro de Marília tem atraído muitas pessoas ao Museu de Paleontologia da cidade, que é o único no oeste paulista e o segundo do interior do estado a manter exposição permanente de fósseis. Quem sabe você também possa vir nos visitar?
Por: William Nava, Museu de Paleontologia de Marília, Rodrigo Miloni Santucci, Universidade de Brasília, e Marco Brandalise de Andrade, Universidade de Bristol/Inglaterra.
Publicado em 02/03/2011 | Atualizado em 02/03/2011
Fonte: http://chc.cienciahoje.uol.com.br
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